Resumo: A cidade e as Serra - Eça de Queiroz
José Fernandes começa a contar a história de Jacinto por seus antepassados. Seu avô, dom Galião, um grande proprietário de terras, um dia escorrega em uma casca de laranja e é socorrido pelo príncipe D. Miguel, irmão de D. Pedro, por quem se torna grande devotado. Quando D. Pedro assume o trono no Brasil destronando seu irmão, D. Galião não se conforma e decide se mudar para Paris levando consigo Grilo, que viria a se tornar criado de Jacinto.
D. Galião tem um filho, Cintinho, um garoto de saúde fraca e sempre tristonho. Dom Galião morre de indigestão e mesmo assim sua mulher e o filho Cintinho permanecem em Paris. Quando adulto, a situação de Cintinho não melhora e ele decide se casar com a filha de um desembargador e depois se tratar no campo. Sem tempo, ele morre três meses antes de nascer Jacinto. Este, foi criado em Paris e é um menino alegre, inteligente e saudável. Na faculdade, seu amigo José Fernandes o dá o apelido de “Príncipe da Grã-Ventura”, por ele sempre conseguir o que quer.
José Fernandes é chamado por seu tio para ir para Guiães onde fica sete anos. Ao retornar ele encontra o amigo Jacinto no 202 dos Campos Elíseos. Ali o amigo continua um positivista que acredita que “o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. Jacinto está cercado de aparelhos modernos, como telégrafo, telefone, elevadores e tudo que for possível imaginar na época. José Fernandes começa a observar que o amigo, apesar de estar cercado de aparelhos, parece infeliz. Chega a conversar com Grilo que diz que o patrão sofre de “fartura”.
Certo dia Jacinto é informado que os túmulos de seus antepassados haviam sido arrastados devido a um deslizamento, na cidade de Tormes, Portugal, e decide ir até lá para resolver a situação. Já em sua chegada descobre que suas malas foram perdidas. Depois se depara com uma cidade simples e repleta de pobreza. Com uma realidade diferente da sua, ele começa a ajudar as pessoas da cidade, levando a modernidade até eles com aparelhos, como o telefone. Por fim se casa com Joaninha, prima de José Fernandes, com quem tem filhos e passa a morar em Tormes.
Resumo: A hora da Estrela - Clarice Lispector
O narrador conta a história de Macabéa, jovem alagoana de 19 anos que vive no Rio de Janeiro. Órfã, mal se lembrava dos pais, que morreram quando ela era ainda criança. Foi criada por uma tia muito religiosa e moralista, cheia de superstições e tabus, os quais ela passou para a sobrinha.
Essa tia também tinha certo prazer mórbido em castigar Macabéa com cascudos na cabeça, muitas vezes sem motivo, além de privá-la de sua única paixão: a goiabada com queijo na sobremesa. Assim, depois de uma infância miserável, sem conforto nem amor, sem ter tido amigos nem animais de estimação, Macabéa vai para a cidade grande com a tia.
Apesar de ter estudado pouco e não saber escrever direito, Macabéa faz um curso de datilografia e consegue um emprego, no qual recebe menos que o salário mínimo. Após a morte da tia, deixa de ir à igreja e passa a repartir um quarto de pensão com quatro balconistas de uma loja popular.
Macabéa cheirava mal, pois raramente tomava banho. À noite, não dormia direito por causa da tosse persistente, da azia — em virtude do café frio que tomava antes de se deitar — e da fome, que ela disfarçava comendo pedacinhos de papel.
A moça tinha hábitos e manias que aliviavam um pouco a solidão e o vazio de sua existência. Entretinha-se ouvindo a Rádio Relógio num aparelho emprestado de uma das colegas. Essa emissora informava a hora certa, transmitia cultura inútil e propaganda, sem nenhuma música. A garota colecionava também anúncios de jornais e revistas, que colava num álbum. Certa vez, cobiçou um creme cosmético, que preferia comer em vez de passar na pele.
Era muito magra e pálida, pois não se alimentava direito. Basicamente vivia de cachorro-quente com Coca-Cola, que comia na hora do almoço, em pé, no balcão de uma lanchonete ou no escritório em que trabalhava. Não sabia o que era uma refeição quente. Seus luxos consistiam em pintar de vermelho as unhas, que roía depois, comprar uma rosa e, quando recebia o salário, ir ao cinema, o que a fazia desejar ser estrela de cinema, como Marilyn Monroe, seu grande sonho.
Certo dia, o chefe de Macabéa, Raimundo, cansado do péssimo trabalho que ela executava, com textos datilografados cheios de erros de ortografia e marcas de gordura, resolve despedi-la. A reação da garota, de se desculpar pelo aborrecimento causado, acaba desarmando Raimundo, que decide mantê-la por mais um tempo.
Num dia 7 de maio, Macabéa mente dizendo que arrancaria um dente e falta ao trabalho para poder aproveitar a liberdade da solidão e fazer algo diferente. Assim que as colegas saem para trabalhar, ela coloca uma música alta, dança, toma café solúvel e até mesmo se dá ao luxo de se entediar. É nesse dia que conhece Olímpico de Jesus, único namorado que teve.
Não foi um namoro convencional. Olímpico também havia migrado do Nordeste, onde matara um homem, fugindo para o Rio de Janeiro. Conseguira emprego numa metalúrgica, o que dá delírios de grandeza em Macabéa. Afinal, ambos tinham profissão: ela era datilógrafa e ele, metalúrgico.
Mau-caráter e ambicioso, Olímpico morava de favor no trabalho, roubava os colegas e almejava um dia ser deputado. O passeio dos namorados era sempre seguido de chuvas e de programas gratuitos, como sentar-se em bancos de praça para conversar. Nessas ocasiões, Olímpico se irritava com as perguntas que Macabéa fazia, o que a levava constantemente a se desculpar, pois não queria perdê-lo, apesar de seus maus-tratos.
Certo dia, admitindo que ela nunca lhe dava despesa, Olímpico decide pagar um cafezinho para Macabéa no bar da esquina. Avisa, porém, que se o café com leite fosse mais caro, ela pagaria a diferença. Macabéa, emocionada com a "bondade" do namorado, acaba enchendo o copo de açúcar para aproveitar, ficando enjoada depois. Em um passeio ao zoológico, Macabéa fica com tanto medo do rinoceronte que urina na roupa e tenta disfarçar para não desagradar ao namorado. Um dia, vendo que só o chefe e sua colega de escritório, Glória, recebiam telefonemas, Macabéa dá uma ficha telefônica para que Olímpico ligue para ela. Ele se recusa, dizendo que não queria ouvir as "bobagens" dela.
Até que, após conhecer Glória, Olímpico decide romper com Macabéa para ficar com a sua amiga. O rapaz considera a troca um progresso, já que elas eram opostas: Glória era loira (oxigenada), cheia de corpo, morava numa casa confortável, tinha três refeições por dia e, o mais importante, seu pai era açougueiro, profissão ambicionada por Olímpico.
Após esse episódio, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose, mas não entende muito bem a gravidade da doença. Sente-se bem só por ter ido ao consultório e não acha necessário comprar o medicamento receitado. Com dor na consciência por ter roubado o namorado de Macabéa, Glória a convida para lanchar em sua casa. Macabéa, mais uma vez, aproveita a oportunidade e come demais. Apesar de passar mal, não vomita para não desperdiçar o luxo do chocolate, mas sente remorsos por ter roubado uma rosquinha.
Finalmente, aconselhada por Glória, Macabéa vai até uma cartomante para saber de sua sorte. Lá, é recebida pela própria, Madama Carlota, que impressiona a pobre moça pelo "requinte" de sua residência, repleta de plástico, e pela amabilidade afetada com que a trata. Após Madama Carlota contar sobre sua vida como prostituta e cafetina, lê as cartas para Macabéa, que, emocionada, pela primeira vez vislumbra um futuro e se permite ter esperança. Afinal, iria se casar com um estrangeiro rico, que daria todo o amor de que ela precisava.
Inebriada com as previsões da cartomante, Macabéa atravessa a rua sem olhar e é atropelada por uma Mercedes-Benz. Caída na calçada e sangrando, seu fim é testemunhado por inúmeros espectadores que se aglomeram em torno dela, sem que nenhum ofereça socorro. Por fim, a garota tosse sangue e morre. Havia chegado a hora da estrela.
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